Primeira parte da entrevista
Se a entrevista feita por William Bonner e Fátima Bernardes com a candidata à Presidência Heloísa Helena — ontem, na bancada do Jornal Nacional — tivesse sido uma disputa (e, em alguns momentos, realmente pareceu ser), ambos os lados seriam declarados perdedores.
Logo no começo da conversa, Heloísa demonstrou ter preparado suas armas para enfrentar o arsenal de Bonner e Fátima. A estratégia era simples: mostrar-se tranqüila e não permitir ser interrompida, impedindo que os jornalistas fizessem novas perguntas e aproveitando o tempo na tevê para explicar suas propostas.
Mas insistência de Fátima em questionar o modo de falar da candidata foi o suficiente para acabar com o plano. "A senhora até há de considerar [a expressão "empregadinho", usada por Heloísa para definir o ministro Tarso Genro] meio preconceituosa, a senhora usou outras expressões como safados, lacaios, imbecis. Essas expressões não mostram uma certa falta de tranqüilidade?", questionou.
Se a entrevista feita por William Bonner e Fátima Bernardes com a candidata à Presidência Heloísa Helena — ontem, na bancada do Jornal Nacional — tivesse sido uma disputa (e, em alguns momentos, realmente pareceu ser), ambos os lados seriam declarados perdedores.
Logo no começo da conversa, Heloísa demonstrou ter preparado suas armas para enfrentar o arsenal de Bonner e Fátima. A estratégia era simples: mostrar-se tranqüila e não permitir ser interrompida, impedindo que os jornalistas fizessem novas perguntas e aproveitando o tempo na tevê para explicar suas propostas.
Mas insistência de Fátima em questionar o modo de falar da candidata foi o suficiente para acabar com o plano. "A senhora até há de considerar [a expressão "empregadinho", usada por Heloísa para definir o ministro Tarso Genro] meio preconceituosa, a senhora usou outras expressões como safados, lacaios, imbecis. Essas expressões não mostram uma certa falta de tranqüilidade?", questionou.
Heloísa, então, passou a chamar os apresentadores de "meu amor" e "minha filha". Num tom de deboche, chegou a dizer para a jornalista: "Mas eu tenho que entender mais de reforma agrária do que você, danadinha". Ora Heloísa interrompia o casal, ora o casal interrompia Heloísa. E ninguém conseguiu falar o que gostaria.
Segunda parte da entrevista
A candidata garantiu que, no seu eventual governo, não haverá invasão de terras e de prédios públicos. Também afirmou que não irá desapropriar terras produtivas — contrariando o programa de seu partido, o Psol — e que dará prosseguimento ao Bolsa Família.
Se, por um lado, a senadora conseguiu desarmar Bonner e Fátima, deixando-os praticamente sem ação; por outro, destacou um dos defeitos apontados por eleitores como motivo para não elegê-la: a intransigência.
Nesta quarta-feira, o candidato entrevistado na bancada do Jornal Nacional é Cristovam Buarque, do PDT. O vídeo da conversa — na íntegra — estará disponível no Tevê Aberta duas horas após o fim do jornal.
5 comentários:
Ótimo blog, ótima idéia e ótima iniciativa. Nem sempre temos tempo para acompanhar a programação da TV.
Parabéns pelo trabalho, estou linkando você no meu blog.
Eu também estou lincando. Ótima idéia, só falta habilitar o RSS.
Muito bom, mas o primeiro video parece nao estar carregando.
Bom, realmente concordo com a questão da intransigência, mas me parece interessante fixar o olhar para um fato único, comportamentos intransigentes merecem respostas intransigentes.
Me colocaria a seguinte pergunta, qual é a visão dos jornalistas em relação às noções de socialismo e luta política? Tal posição não revela uma apatia política intrinseca ao comportamento político brasileiro descrente na possibilidade da elaboração de mudanças estruturais?
Tal descrença não revelaria exatamente o fato de que no imaginário político brasileiro residem construções culturais que favorecem a busca da eleição de um "herói" brasileiro para "mudar o país"?
A quem se quer eleger (ou enganar), um héroi ou um político representativo?
Entramos aí no único deslize da candidata, que de forma intransigente responde às questões intransigentes dos jornalistas "liberais" (pra não falar pior), agora me pergunto, para quem ela estaria fazendo este papel, senão para uma população que exige mudanças de forma intransigente, para uma população que não acredita que a mudança está em suas mãos e que aposta no "jeitinho brasileiro" de ser para dar sustentação à suas conquistas?
Se a questão é intransigência, talvez seria interessante, antes de mais nada, os "jornalistas" estudarem um pouco de sociologia e filosofia para saber algo sobre o socialismo, antes de pré-conceberem determinadas condutas políticas.
Ademais, se a população não tem condições de apreender uma proposta política, não está disposta a apreender determinados conceitos, ideológicos, culturais, enfim, sejam lá quais forem, como será possivel um candidato que não quer enganar uma grande parcela da população não se comporte de forma intransigente, sendo que, àqueles responsáveis por representar o povo, na hora de questionar os planos políticos, não só da candidata como de outros candidatos, agem de forma tendenciosa e "classicista" pretendendo questionar os candidatos de forma voluntária?
A questão não é isentar os candidatos de suas falhas, e sim de propor uma abertura para mudança, mudança que independe de um único "ser humano" e sim de uma coletividade, pode parecer simplista realizar tais apontamentos, mas tenho certeza que as posturas políticas dos candidatos devem ser construídas pela coletividade e em resposta a ela, se o candidato falha é por que procuramos individualizar os problemas de ordem política para acusá-los, não somente isentando a culpa de uma população omissa, como também para mascarar problemáticas que transcendem a ordem individual, diga-se de passagem a coletividade foi "esquecida" no Brasil, a ponto da própria população desacreditar em ideologias políticas...
Bom, sinceramente enquanto essa individuação não terminar no campo da ação política, os candidatos continuarão falhando, já que a população se acostumou a exigir dos candidatos uma fonte de alimento para suas crenças, é suficiente e muito mais interessante acreditar muito mais em caracteristicas e valores pessoais abstratos, como o amor, a miséricordia, a virtude e a boa vontade do que pensar em termos coletivos de ação política, exigindo antes de mais nada, não a delicadeza de uma candidata mulher, que diga-se de passagem é a primeira a ter o peito de enfrentar o mundo patriarcal e masculinista da política, mas sim, respostas coletivas e conjunturais, interação com a população para a solução de algumas problemáticas sociais a um nível minimamente sustentavel...
Bom, acho que fico por aqui mesmo!
Parabéns pelo blog, muito bacana mesmo. Espero que tenha cada vez mais novidades e vídeos da TV brasileira. Nota 10.
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