sexta-feira, março 02, 2007

Análise: É hora de virar as Páginas da Vida


Vídeo com cenas do casamento e da lua-de-mel de Thelma e Jorge

Leandra Leal tinha razão: Páginas da Vida não começou, não teve meio e não chegou a um fim — mesmo recebendo um ponto final agora há pouco, num capítulo de duas horas e dez minutos de duração [assista a trecho no player acima]. A impressão que fica é que a Globo levou ao ar apenas a sinopse de uma novela de Manoel Carlos, repetindo as mesmas cenas durante meses, em vez de desenvolvê-las. O envolvimento de Tide com Tônia e a luta pela guarda dos filhos de Nanda e Léo, por exemplo, só começaram a acontecer semanas atrás.

Pior: muitas histórias se perderam no caminho. Um doce para quem acertar quem é o personagem Kléber. Na sinopse, era citado como o ex-namorado misterioso da professora de balé Elisa e pai de Camila. Mas esta revelação sequer foi feita. O autor também programou um romance entre a Irmã Lavínia e um paciente portador do vírus da Aids, o golpe de Thelminha sobre Jorge, a bissexualidade de Sílvio... E ainda que a artista plástica Diana teria um relacionamento com o aluno Ulisses. Todas essas histórias acabaram abortadas. As outras evoluíram neste último capítulo.

Provavelmente por conta do gigantesco elenco de Páginas da Vida, formado por mais de 100 atores. Apesar de a emissora ter uma vasta experiência na produção de novelas, nenhum diretor da rede atentou para o fato de que o número era exagerado e traria prejuízos à trama. Atrizes como Renata Sorrah, Helena Ranaldi e a própria Leandra Leal praticamente fizeram figuração. Certo estava Antônio Calloni, que bem antes de a crise nos bastidores do folhetim ter sido divulgada, pediu para sair da equipe.


Helena e Alex ganham a guarda de Clara e Francisco, respectivamente

Manoel Carlos não foi o único a se atrapalhar na condução da trama: Jayme Monjardim demonstrou pela segunda vez (lembram de América, da qual foi afastado?) que não tem habilidade para dirigir novelas contemporâneas. As cenas da abertura da exposição de Tônia, da conversa de Renato com seu pênis e todas protagonizadas por Danielle Winits (e seus cílios postiços), entre outras, pareceram saídas do Casseta & Planeta. Jayme ainda fez questão que a música de sua namorada, a cantora Tânia Mara, fosse tocada ad nauseam em Páginas da Vida. "Sempre que quiser um beijo eu vou te dar" ecoará ainda por algum tempo nos ouvidos dos telespectadores.

Nem a doçura de Joana Mocarzel (que ofuscou Regina Duarte), o carisma de Grazi Massafera, a surpresa com Thalita Carauta e o talento de vários outros atores (Walderez de Barros e Marjorie Estiano, por exemplo) conseguiram disfarçar tantos problemas. Manoel Carlos pode preferir não admitir e os bons números de audiência tentar mascarar, mas Páginas da Vida definitivamente não fez juz ao inegável talento do autor. É triste uma novela ser mais lembrada por um depoimento sobre orgasmo do que por sua trama em si. Agora é virar a página e viajar para o Paraíso Tropical. Até lá!

1 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

Com toda a certeza Manoel Carlos perdeu a mão em Páginas da Vida. muitos atores.. histórias que não foram desenvolvidas, furos na trama.

Agora é esperar Paraíso Tropical.