A bela abertura (Lobo e Vetor Zero) da microssérie A Pedra do Reino

O capítulo de estréia da microssérie A Pedra do Reino (Globo) terminou há pouco, impressionando pela qualidade da direção de arte (assinada por Raimundo Rodriguez). Mas, passado o êxtase provocado pelo apuro visual, ficam duas perguntas aos telespectadores da produção — não leitores do livro que a inspirou, de Ariano Suassuna. Você seria capaz de citar o nome de três personagens da série? Qual é a história de A Pedra do Reino?

A equipe do diretor Luiz Fernando Carvalho, responsável pela versão televisiva, parece ter se dedicado integralmente à estética da atração. Estão lá alguns dos melhores figurinos (Luciana Buarque), cenários (João Irênio) e caracterizações (Vavá Torres) da história da tevê aberta brasileira. A fotografia (Adrian Teijido e José Tadeu Ribeiro) também garantiu seqüências memoráveis [assista a um trecho no player abaixo]. Mas tantos detalhes visuais acabaram deixando o elemento principal de qualquer produto de entretenimento — o enredo — em segundo plano.

Os roteiristas (Bráulio Tavares, Luís Alberto de Abreu e Luiz Fernando Carvalho) e o editor (Marcio Hashimoto Soares) falharam na organização de idéias, principalmente no primeiro bloco da série. Cenas soltas, sem ligação entre si, dificultaram o entendimento da obra quando o contrário era esperado. Alguns podem alegar que trata-se de "sofisticação", de uma "contemporânea e revolucionária proposta narrativa". Mas alguma experiência na TV vale a pena se o público não puder participar dela?


Trecho do primeiro capítulo de A Pedra do Reino

3 comentários:

Anônimo disse...

Não é filosofia barata não, mas as vezes, e principalmente nos dias atuais, precisamos de produções que não necessitam serem entendidas apenas sentidas, para os nordestinos (me incluo), foi de uma beleza e sensibilidade única o primeiro capitulo. A trilha sonora, o figurino, a banda de pifano, tudo tudo tava perfeito. Só tenho receio quanto aos indices que essa microsérie vai alcançar, pois é (infelizmente) a audiência quem manda, quando eu falo em audiencia, estou falando em dinheiro, pois quanto maior o numero de pessoas assistindo, maior é o interesse dos anuciantes, portanto cabem aos empresários (de cada região principalmente), da qual a série retrata, apadrinharem essa e tantas outras séries que possam vir! Se já o fizeram e fazem com Carga Pesada, estão fazendo com o 50 a 1 (da Record), porque não com o Projeto Quadrante?!

anthropological-blues disse...

Também acho que ficou faltando explicar a proposta, o conceito da adaptação. Achei de um preciosismo muito grande para uma história que se pretende popular e que, portanto, deve ser acessível ao grande público da emissora. Mesmo no caso da estética há um excesso de coisas, panos, rendas, luzes que confunde o telespectador. Ficou uma coisa barroca demais e a história que é bom, nada.

Anônimo disse...

Como leitor de Ariano Suassuna venho defender a série que tantos vêm falando.
Realmente,se fomos comparar o Romance da Pedra do Reino com o Auto da Compadecida (e eu acho que foi o que todos esperavam) as obras não têm muita coisa a ver além de serem ambientadas no sertão da Paraíba e o autor.
O próprio livro é contado de forma cíclica, com muitos parênteses feitos pelo personagem principal (Quaderna) que tenta nos contar a sua versão da sua história que o levou à prisão.
Lendo no site do projeto quadrante, o diretor da série pediu aos roteiristas que mantivessem essa forma de narrativa, o que, para muitos, dificultou o entendimento.
Não devemos esperar que todos esperem que a Globo faça adaptações dos livros de nossa literatura para que nossa população se instrua.
Façamos com que todos leiam as obras antes de serem adaptadas, eu disse adaptadas, já lidas, digeridas, por outros.