Todo mundo acompanha os índices de audiência auferidos pelo Ibope, mas quase ninguém conhece a metodologia aplicada pelo instituto para apontar quais são os programas da tevê aberta mais vistos no país. Pouca gente sabe, por exemplo, que os dados minuto a minuto — aqueles que guiam as estratégias de atrações como o Domingo Legal e o Domingão do Faustão — resultam de medição feita em apenas 750 casas, todas na Grande São Paulo. Ou seja, neste caso, a audiência que conta é a dos paulistas.
O instituto de pesquisa instala peoplemeters (foto acima), como é chamado o aparelho que registra todas as mudanças de canal, nas residências escolhidas. Os números são transmitidos em tempo real, por meio de radiofreqüência e linha telefônica, aos assinantes do serviço — na maioria, emissoras, retransmissoras e agências de publicidade. Segundo cálculo do Ibope (habitantes da região divididos pelo tamanho da amostra), cada ponto de audiência equivale a 54,4 mil residências ou 176 mil telespectadores na Grande São Paulo.
Já a coleta regular de informações, que gera boletins diários, semanais e mensais — portanto, excluindo o real time — é feita em 3.239 domicílios, distribuídos com base nos dados do censo demográfico do IBGE e num levantamento socioeconômico do próprio Ibope. Isso significa que, entre as casas, há representantes de todos os sexos; de todas as classes (A, B, C, D e E); e de todas as idades, a partir dos quatro anos. Mas a medição só acontece na área urbana.
No fim da noite, os peoplemeters emitem um relatório com todas as mudanças de canal ao longo do dia (clique no esquema acima para vê-lo em tamanho maior). Para essa medição, há 750 aparelhos em São Paulo, 450 no Rio de Janeiro, 300 em Belo Horizonte, 250 em Porto Alegre, em Curitiba, em Salvador, no Recife e em Brasília, 220 em Fortaleza e em Florianópolis (regiões metropolitanas).
Os donos das casas selecionadas para receber um peoplemeter são remunerados com um "salário", por conta do serviço prestado. O Ibope garante que renova 25% dos participantes da amostra a cada ano — para evitar "vícios", como alguém sintonizar apenas uma emissora em troca de dinheiro. Mas uma auditoria da Ernest & Young verificou que algumas casas chegam a ficar cinco anos com um aparelho.
O instituto divulga dois tipos de informação sobre a audiência. A primeira, e mais conhecida, inclui no cálculo os aparelhos de televisão desligados e é traduzida em pontos. Assim, somadas as audiências de cada uma das emissoras da tevê aberta num mesmo horário não se chega a 100 pontos (número máximo). Hoje, o programa mais assistido é a novela Páginas da Vida (Globo), que registra média de 51 pontos.
O segundo tipo de informação, chamado de share, leva em conta somente os televisores ligados. Ou seja, o dado — expresso em percentual — resulta da relação de domicílios sintonizados em determinado canal com o número de residências com televisores ligados no mesmo período. Complicado, não? De acordo com essa conta, a trama de Manoel Carlos (foto acima) alcança cerca de 70% de share.
Muitas vezes, a medição feita pelo Ibope é contestada por emissoras que se sentem prejudicadas diante dos bons números obtidos pela Globo. Sílvio Santos, por exemplo, já liderou uma campanha para que outros canais fundassem um instituto de pesquisa próprio, a fim de verificar um suposto favorecimento à empresa da família Marinho.
O dono do SBT chegou a bancar a criação e a manutenção do Datanexus. Resultado: os números se mostraram compatíveis com os do Ibope, com poucas variações. Sozinho na empreitada e sem conseguir provar um erro na metodologia do concorrente, Sílvio decidiu abandonar o negócio um ano e meio depois. Deixou livre o caminho para que o Ibope continue sendo o principal responsável por influenciar o investimento de milhões em verba publicitária e definir a programação da tevê brasileira.
Matéria exclusiva do Tevê Aberta (apurada e escrita pela equipe do blog), feita a pedido do leitor Gil.
Já a coleta regular de informações, que gera boletins diários, semanais e mensais — portanto, excluindo o real time — é feita em 3.239 domicílios, distribuídos com base nos dados do censo demográfico do IBGE e num levantamento socioeconômico do próprio Ibope. Isso significa que, entre as casas, há representantes de todos os sexos; de todas as classes (A, B, C, D e E); e de todas as idades, a partir dos quatro anos. Mas a medição só acontece na área urbana.
No fim da noite, os peoplemeters emitem um relatório com todas as mudanças de canal ao longo do dia (clique no esquema acima para vê-lo em tamanho maior). Para essa medição, há 750 aparelhos em São Paulo, 450 no Rio de Janeiro, 300 em Belo Horizonte, 250 em Porto Alegre, em Curitiba, em Salvador, no Recife e em Brasília, 220 em Fortaleza e em Florianópolis (regiões metropolitanas).
Os donos das casas selecionadas para receber um peoplemeter são remunerados com um "salário", por conta do serviço prestado. O Ibope garante que renova 25% dos participantes da amostra a cada ano — para evitar "vícios", como alguém sintonizar apenas uma emissora em troca de dinheiro. Mas uma auditoria da Ernest & Young verificou que algumas casas chegam a ficar cinco anos com um aparelho.
O instituto divulga dois tipos de informação sobre a audiência. A primeira, e mais conhecida, inclui no cálculo os aparelhos de televisão desligados e é traduzida em pontos. Assim, somadas as audiências de cada uma das emissoras da tevê aberta num mesmo horário não se chega a 100 pontos (número máximo). Hoje, o programa mais assistido é a novela Páginas da Vida (Globo), que registra média de 51 pontos.
O segundo tipo de informação, chamado de share, leva em conta somente os televisores ligados. Ou seja, o dado — expresso em percentual — resulta da relação de domicílios sintonizados em determinado canal com o número de residências com televisores ligados no mesmo período. Complicado, não? De acordo com essa conta, a trama de Manoel Carlos (foto acima) alcança cerca de 70% de share.
Muitas vezes, a medição feita pelo Ibope é contestada por emissoras que se sentem prejudicadas diante dos bons números obtidos pela Globo. Sílvio Santos, por exemplo, já liderou uma campanha para que outros canais fundassem um instituto de pesquisa próprio, a fim de verificar um suposto favorecimento à empresa da família Marinho.
O dono do SBT chegou a bancar a criação e a manutenção do Datanexus. Resultado: os números se mostraram compatíveis com os do Ibope, com poucas variações. Sozinho na empreitada e sem conseguir provar um erro na metodologia do concorrente, Sílvio decidiu abandonar o negócio um ano e meio depois. Deixou livre o caminho para que o Ibope continue sendo o principal responsável por influenciar o investimento de milhões em verba publicitária e definir a programação da tevê brasileira.
Matéria exclusiva do Tevê Aberta (apurada e escrita pela equipe do blog), feita a pedido do leitor Gil.
9 comentários:
Cade o video do beija sapo gay, posta aí completo rapa
Luas,
a equipe deste blog decidiu que a MTV não faz parte da tevê aberta, já que pouquíssimas pessoas sintonizam a emissora em UHF — a maioria só assiste porque tem tevê fechada. Portanto, não postaremos notícias ou vídeos da MTV, ok? Até podemos indicar o link do vídeo do programa postado por outra pessoa no YouTube, mas ainda não há nenhum. Até!
Quero agradecer a equipe do Tv aberta pela matéria sobre os índices televisivos e principalmente a deferência especial em ter creditado a mim o pedido. Vcs são mesmo muito legais! Agora entendi como são feitas as medições, mas fiquei com uma pequena dúvida(desculpa minha burrice..kkkkkk). Vcs falam q só 750 famílias em São Paulo participam da amostragem em tempo real. Se entendi direito existem dois tipos de medição. Uma em tempo real,q é apenas em São Paulo, e outra q manda as informações só no final do dia,em algumas cidades do Brasil. É isso?
Obrigado pela atenção de vcs e valeu mesmo pelas explicações.
Com a televisão digital essa medição do IBOPE vai mudar.
Gil,
nós é que agradecemos a sua participação. Pelo o que você disse, entendeu bem a matéria. Realmente existem dois tipos de medição, uma em tempo real (só em São Paulo) e outra por região (em São Paulo e em outras cidades). Quando tiver outras dúvidas, fique à vontade para pedir novas matérias. Até!
Se você quiser assistir o episódio completo do beija sapo, é só entrar em www.mtvoverdrive.com.br!
Legal, parabéns pela matéria!
Tbem achei muito legal a matéria. Bem explicada e me esclareceu algo q não sabia como era. parabéns
Pessoal,
Verifiquei a última pesquisa do Ibope e cheguei à uma conclusão: As pesquisas só podem estar erradas.
Vejam se concordam comigo.
Resultados das eleições no primeiro turno de acordo com a página do TSE:
http://www.justicaeleitoral.gov.br/resultado/index.html
Candidato Votos Válidos (%)
Ana Maria Rangel-44-PRP 0,13
Cristovam Buarque-12-PDT 2,64
Geraldo Alckmin-45-PSDB 41,64
Heloísa Helena-50-PSOL 6,85
José Maria Eymael-27-PSDC 0,07
Luciano Bivar-17-PSL 0,06
Lula-13-PT 48,61
Rui Costa Pimenta-29-PCO 0,00
E agora comparem com os resultados da última pesquisa Ibope realizada nos dias 18 e 19 de outubro de 2006 (portanto após o primeiro turno) quando foi perguntado em que candidato os 3010 entrevistados tinham votado no primeiro turno:
http://www.ibope.com.br/Eleicoes/2006/download/opp422_brasil_out06.pdf
Candidato Votos Votos Válidos
Ana Maria Rangel-44-PRP 0% 0.00%
Cristovam Buarque-12-PDT 2% 2.17%
Geraldo Alckmin-45-PSDB 33% 35.87%
Heloísa Helena-50-PSOL 5% 5.43%
José Maria Eymael-27-PSDC 0% 0.00%
Luciano Bivar-17-PSL 0% 0.00%
Lula-13-PT 52% 56.52%
Rui Costa Pimenta-29-PCO 0% 0.00%
Não votou 3% -
Branco/ Nulo 4% -
Não sabe/ Não opinou 1% -
Deveria se esperar que uma pesquisa feita APÓS o primeiro turno deveria ficar próxima (com uma pequena margem de erro) dos resultados oficiais. Porém o que se observa que existe um erro muito acentuado tanto para Lula quanto para Geraldo Alckmin.
Portanto só se pode chegar à duas conclusões: Ou os entrevistados pelo Ibope mentem (pouco provável) e/ou a amostra e o método aplicado pelo Ibope não são representativos. Creio que o mesmo pode ser concluído dos outros institutos de pesquisa.
Finalizando, espalhem esta notícia para todos que vocês conhecem, não percam a esperança e o mais importante, não deixem de votar no próximo domingo. Nós podemos e devemos acabar com esta situação vergonhosa que o país está passando nas mãos do Lula.
Geraldo Alckmin 45. E se ele não for bem, colocamos outro em 2010.
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