Quando Evandro Santo aparece no Pânico na TV, muitos telespectadores param de zapear para assistir às piadas em série do ator. Mas pelo menos uma pessoa faz o contrário: o próprio Evandro. Ele muda de canal sempre que seus quadros — "Meda" e "Dô, não Dô" — entram no ar. "Bichinha chata este tal de Christian Pior", ironiza, em entrevista exclusiva ao Tevê Aberta.

Convocado por Emílio Surita para cobrir o casamento de Wanessa Camargo, em maio do ano passado, o mineiro de 32 anos teve apenas um dia para criar um personagem capaz de provocar risadas com críticas ao figurino dos convidados. Na noite seguinte, ao lado de Sabrina Sato, estreava como Christian Pior, um estilista "afetado que não entende nada de rico, pouco de moda e tudo de pobre".

A experiência de Evandro em telegramas animados apurou seu raciocínio rápido, o que garante um grande número de PPM — piadas por minuto — nas gravações. Várias expressões de Christian já viraram bordões, como "pára tudo e chama a Nasa", "ovulei" e "joga no Google". O ator não teme que o quadro "Meda" se desgaste, mas já prepara novos personagens. Saiba mais sobre Evandro Santo e Christian Pior lendo a entrevista abaixo.

Tevê Aberta — Vivendo o Christian Pior, você foi o destaque do Pânico em 2007. Qual balanço faz do ano passado?
Evandro Santo — Foi um ano de virada. Minha vida deu uma grande guinada, e veio de surpresa, sem eu esperar. Nunca corri atrás de TV, sempre do humor. E deu certo, esta postura. Antes de tudo, artista. Depois, talvez, quem sabe, celebridade.

O Pânico na TV é um programa com viés machista (vide a Mulher Samambaia e o quadro "Lingeries em perigo"), o que teoricamente dificultaria a aceitação de um personagem gay. A que atribui o sucesso do Christian Pior?
O Christian é um personagem gay, mas ele é da turma do fundão. Não é vitima ou chacota de hétero. Aliás, ele zoa os héteros, os gays, não fica acuado perante uma maioria hétero. Não é heterofóbico, porque adora mulheres lindas e o melhor: não tem medo de apanhar (risos).

O Christian Pior foi criado um dia antes da sua primeira gravação. Como conseguiu compôr o personagem tão rapidamente, partindo de uma encomenda específica (cobrir o casamento da Wanessa Camargo)?
Desespero, urgência e a perspectiva de entrar na TV e sair do aluguel (risos).

O quem tem do Evandro no Christian Pior? Conte um pouco sobre a escolha do nome do personagem, de suas características...
É uma sátira em cima do nome do [estilista francês] Christian Dior, da Maison Dior. O meu Christian é uma bichinha pobre, afetada, pernóstica que quer fazer parte das coisas que ele considera boas da vida. Não entende nada de rico, entende superficialmente de moda e entende tudo de pobre, porque ele é um. O que temos em comum é o senso de humor, a auto-ironia e a visão real da sociedade de consumo. Afe, que sério!

Como surgiram os bordões "Pára tudo e chama a Nasa", "ovulei" e "joga no Google"?
"Ovulei" veio da Janeyde, minha personagem Brega Queen. "Pára tudo e chama a Nasa", da Andrea, minha amiga. E "joga no Google" veio do nada, na pauta da Wanessa.

Teme que os quadros "Meda" e "Dô, não Dô" se desgastem?
Se desgastar? Não, principalmente o "Meda", que abrange todas as pautas, pois cobre eventos chiques, desfiles, pautas populares tipo Belém do Pará, Carnatal... Enfim, o "Meda" usa moda como uma desculpa para falar sobre tudo. Quanto ao "Dô, não Dô", que é uma ramificação do "Vô, não Vô", não sei, já que não é meu principal quadro.

Está preparando novidades para 2008? Pensa em interpretar novos personagens no programa?
Eles estão forno. Aguardem, hein. E com talheres de prata.

Nas edições, a impressão é que suas piadas surgem naturalmente — e numa seqüência impressionante. O que é improvisação e o que é roteiro?
Grande parte é improviso, depois vem a parte do editor, que saca as melhores piadas e coloca ritmo. Não se tem roteiro, se tem um briefing do evento.

Já aconteceu de ir gravar de mau humor? Nesse caso, de que maneira age para conseguir fazer o espectador rir?
Já, claro, muitas vezes. Mas ninguém percebe porque não tenho o direito de contaminar uma equipe. E, claro, já fiquei bravo quando algo não deu certo. Bom, e se você está de mau humor (risos), transforme o mau humor em humor negro, porque o povo vai rir do mesmo jeito.

As matérias do "Meda" normalmente são gravadas em ambientes em que reina a atitude blasé. De que maneira os entrevistados lidam com o seu tipo de piada — quase sempre detonadora? Alguns famosos criticam a abordagem do Pânico. Como recebe essa crítica?
O "Meda" vai a todos os lugares: 25 de março, Barretos, Carnatal, Oktoberfest, Belém e também faz pautas hype. Gente blasé geralmente é mais frágil, por isso faz tipo, então são mais fácéis de se detonar. Quanto a quem critica, paciência. Acho bom, porque a idéia não é agradar todo mundo. E, depois, hoje todo mundo tem o controle remoto, né?

No "Dô, não dô", você ocasionalmente toca partes íntimas dos entrevistados. Não fica constrangido? Já teve problemas durante alguma gravação?
(risos) Não, porque antes de chegar em alguém eu observo a atitude, a recepção... Sou a favor de que o zoado também ria, se divirta. A brincadeira real, gostosa, é sempre de mão-dupla, embora nem sempre seja possível. Quanto à vergonha, eu a deixei junto com o anonimato (risos).

No Pânico na TV, você trabalha com vários parceiros (Carioca, Sabrina e Dani Calabresa). Tem que adaptar o seu humor ao do outro? Qual é o seu parceiro preferido?
Tem que se adaptar, sim, porque humor é timing e cada um tem o seu. Sem dúvidas, prefiro o Carioca. Ele é um trabalhador sério do humor. Isso existe (risos)?

No fim do ano passado, dois integrantes trocaram o Pânico pelo Show do Tom. Qual é impacto dessas saídas na atração? Você já foi convidado para mudar de emissora? Aceitaria?
O impacto o tempo dirá, qual lado vai sair ganhando, espero que os dois. Trabalharemos o dobro e acharemos novos talentos. Mais gente empregada, isto é bom, gerar empregos. Duas emissoras entraram em contato. Eu disse não.

Outros atores costumam levar para o palco personagens bem-sucedidos na tevê. Pensa em incluir o Christian Pior num espetáculo? O que fará no teatro este ano?
Terei que incluir o Christian no "Absurto 2", o povo exige. E farei um viciado em academia. Ou um viciado em filmes de terror. Ou um viciado em anos 80. Enfim, um viciado (risos).

Além do Pânico na TV, quais programas da tevê aberta brasileira você gosta de assistir? E quais detesta?
Vejo desenhos animados e um monte de DVDs. Não vejo novelas. Não vejo Big Brother. E na hora do "Meda" mudo de canal... Bichinha chata este tal de Christian (risos)!



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6 comentários:

Anônimo disse...

adoooooooooooooooooroooo!!!!

Anônimo disse...

A entrevista ficou muito legal. Interessante ele dizer que não se assiste... Parabéns!

Anônimo disse...

Parabéns ao blog! Muito maneira a entrevista exclusiva. Este cara é no momento o melhor do Pânico.

Anônimo disse...

Ainda bem que vocês voltaram e com a corda toda! O Tevê Aberta estava fazendo falta. Excelente entrevista com o Evandro Santo. Como disse o leitor Pedro, atualmente no Pânico é o melhor humorista da trupe. Sucesso e vida longa para o Tevê Aberta!!!!

Anônimo disse...

Posso falar?... Adoooooooooooro!

Unknown disse...

Alguns quadros do Pânico estão repetitivos e chatos!!!Quanto ao Evandro, é dificil não se render ao seu talento,criatividade e as mais primorosas e sarcasticas tiradas, com que nos brinda este excepicional artista.